Nem todo Dia das Mães é feito de flores e celebrações. Para muitas pessoas, essa data ecoa em silêncio, trazendo à tona lembranças, ausências e uma dor que palavras raramente alcançam. Especialmente para quem já perdeu sua mãe, ou para quem vive o desafio de maternar sem poder mais contar com a presença da sua.
Neste texto escrito por Paula Costa e Adriana Lívia, do projeto Filhas do Amor e da Dor, mergulhamos nas camadas profundas do luto materno, seja pela mãe que se foi ou pela nova forma de ser mãe depois da perda. Com delicadeza, elas nos convidam a reconhecer que a dor da ausência não desaparece, mas transforma-se. E que, mesmo sem chão, seguimos, costurando o coração com fios de amor e saudade.
Leia a seguir um texto que acolhe, que entende, que caminha lado a lado com quem vive essa dor:
Quando alguém perde a mãe, algo dentro de nós também se perde novamente. É como se todo o nosso passado viesse à tona — as memórias da infância, os cheiros, os conselhos, os abraços. A dor de perder uma mãe não é só a ausência dela no presente, é também um corte profundo na nossa própria história. E não, essa dor não passa completamente. Ela transforma-se.
Fica ali, guardada num cantinho do peito, misturada com saudade e amor. Não há nada capaz de preparar um coração que ama para a perda eterna. Assim como não há palavras ou gestos capazes de aliviar tão grande dor.
Perder a mãe é como perder o chão por um tempo. E por mais que a vida continue, há sempre dias em que essa ausência pesa mais — nos aniversários, nos domingos silenciosos, nos momentos em que tudo o que queremos era ouvir aquela voz que sempre soube o que dizer.
Mas também é verdade que o amor que ela nos deu não desaparece. Ele continua a viver em nós — na maneira como falamos, cuidamos dos outros, tomamos decisões. Isso é eterno. Hoje como mães, vemos a importância de sermos ainda melhores para nossos filhos. Temos a sensação de sempre querer fazer o melhor para deixarmos nossa marca em seus corações, como nossas mães fizeram…
Infelizmente este é o destino de todos que vivem, a morte e apenas nos resta aceitar. Você assim como nós, esta data: DIA DAS MÃES, com o tempo esta dor se transformará em uma saudade serena, até lá ela continua latente… não nos resta nada além de aceitar e costurar mais um pedaço de nosso coração…
O projeto Filhas do Amor e da Dor
O Filhas do Amor e da Dor é um projeto criado por Paula Costa e Adriana Lívia a partir de uma vivência comum: a perda de suas mães. A dor que as uniu transformou-se em impulso para construir um espaço de acolhimento e reflexão sobre o luto em suas múltiplas formas. O projeto nasceu do desejo de dar voz à dor silenciada, de criar pontes entre pessoas enlutadas e oferecer palavras onde muitas vezes só existe o vazio. Nas redes sociais e nos encontros promovidos pelas idealizadoras, o Filhas do Amor e da Dor convida cada pessoa a olhar com cuidado para a sua história, validando sentimentos e lembrando que o amor permanece, mesmo quando a presença física se vai. Mais do que falar da morte, o projeto celebra a permanência do afeto e a potência de seguir em frente com delicadeza, mesmo com o coração costurado pela saudade.
Aqui no Além da Perda, tem um artigo sobre o projeto, confira no link.